Mulher

A minha avó questionou-me se iria escrever sobre o dia da mulher. E aqui estou eu, sem ter a certeza de que o consigo fazer.

Falar sobre o que é ser mulher, é sempre difícil, por ser tão abrangente. Mas se tivesse que escolher uma palavra, diria coragem. Desde sempre que é um ato de coragem.

O reflexo da paciência necessária, para carregar o título de “frágil”, quando a força que trazemos é tão grande e tão importante como as restantes.

Mais do que isso, é a ousadia de nos continuarmos a sentar à mesa, onde todos os lugares estavam reservados, sem que nenhum fosse para nós.

E por vezes, ser mulher, é também ter o nome esquecido dos livros de história.

Por isto e mais, se pudesse escolher outra palavra para descrever o que é ser mulher, diria esperança.

A esperança de acreditar em sociedades mais justas e iguais, quando o assunto forem direitos e deveres. A esperança de que o desafio de ser mulher, possa um dia ser mais leve.

E se pudesse escolher mais uma palavra, não escolheria nenhuma.

Diria antes que não gosto que sejamos caracterizadas apenas como mães. Porque nem todas o queremos ou podemos ser. Mas que acredito que seja a maior benção.

Diria que somos a arte mais bonita, o colo com cheiro a alfazema ou o calor do fim de uma tarde de verão. O poema que nunca termina, por haver sempre mais a dizer e a melodia que guarda as memórias que nunca queremos perder. O silêncio que conforta.

Somos o espelho do que as mulheres e os homens das nossas vidas nos trouxeram de bom e dos passos que nos encorajaram a dar.

E ainda que o caminho esteja longe de estar percorrido, ser mulher, é a coisa mais especial que poderia querer ser.

(deixei este texto disponível em reel no meu bookstagram)

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⁃ Jéssica Filipa Santos