top of page

🦋

Foto do escritor: jessicafilipasantosjessicafilipasantos

Se tudo o que tiver para te dar forem folhas repletas de textos que nunca soubeste ler, por favor guarda-as. Como alguém que guarda uma recordação antiga. E da mesma forma que eu guardei o teu silêncio, a cada passo, a cada sonho esquecido, a cada fim de tarde com a alma vazia de ti - e às vezes, de mim.


A memória é algo engraçado, não te enganes. Leva-nos em espirais que não pedimos quando bem lhe apetece. Assim como uma composição musical, que nos põe as emoções à prova, quando nos envolve e nos obriga a sentar com quem realmente somos.


Por isso, se algum dia ela (a tua memória) te falhar, econtra-me de novo em gargalhadas fáceis, em poemas pequenos e em fotografias a preto e branco.


No cheiro do pão acabado de fazer, ou da alfazema espalhada pela casa.


Estarei sempre presente, quando te disserem para veres como a lua está bonita. No frio de uma manhã de outono. Ou junto ao mar.


Se preferires não olhar para trás, sabe que o fim da linha também pode ser recordado com um sorriso quentinho que diz "obrigada". Pela jornada. Por partilharmos uma luz que nunca mais será dividida com outro alguém.


Sabe mais do que isso, aliás. Sabe que nunca guardo um adeus - que o abrigo que construíste no meu coração, será sempre casa. Mesmo que o tempo (que eu torço para que chegue a tempo), demore a mostrar-to.


Às falhas que ficaram pelo caminho, olho-as como tentativas doces de crescer. Ainda as perdoo devagar, mas sei o que nos quiseram ensinar.


E sente. Enche folhas com textos que ninguém vai entender, deixa- te levar nas notas do violoncelo que te fazem estremecer o peito, mas sente.


A cada caderno cheio, a cada silêncio, ou a cada recordação - repara como a vida por vezes nos traz amor que aprendemos a guardar, mesmo quando é altura de deixarmos alguém ir.


  • Jéssica Filipa Santos

8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Escrevemos

Comments


bottom of page