Chalet da Condessa d'Edla – afinal há amores que ficam marcados na história
- jessicafilipasantos
- 4 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de dez. de 2024
Conseguem imaginar uma casa de contos de fadas, escondida na natureza e, com paredes repletas de história? É isso que vos trago hoje – o místico Chalet da Condessa d’Edla.
Numa época em que nem todas as histórias de amor tinham a possibilidade de o ser, Sintra tornou-se a moldura perfeita para um casal apaixonado (ainda que não totalmente aceite).
Venho contar-vos como, de uma casa de ferramentas, o Chalet que conhecemos hoje em dia, se transformou num lar, pelos desenhos e vontade da própria Condessa e do Rei D. Fernando II (viúvo da Rainha D. Maria II).
Diria até, a forma bonita como se tornou no reflexo de uma vida a dois, longe da confusão que a Corte poderia significar.
Elise Hensler nasceu na Suíça, em 1836. Amante da cultura e das artes, era cantora lírica e, foi no palco do Teatro Nacional de São Carlos, onde curiosamente interpretou o papel de um rapaz, que surgiu o romance de que vos falo.
Casados desde 1869, a Condessa e o rei, encontraram neste Chalet a cumplicidade discreta de dias mais calmos. Para os que, como eu, conseguem sonhar com estes dias, podemos imaginar o som do piano a ser tocado pela própria Condessa; os passeios nos jardins, que convidam ao silêncio partilhado; e, o cheiro dos cozinhados da Condessa, que confessa em cartas à família, aqui se derreter na recriação dos doces que a recordam da sua infância na América.
Construído entre 1864 e 1869, como ditava a moda dos Chalets Alpinos, o Chalet da Condessa d’Edla foi o refúgio da apelidada por alguns, “quase rainha de Portugal e Espanha”.
Reconhecida pela sua educação exemplar e apoio dedicado às artes, a Condessa d’Edla acaba por falecer em 1929, mais de 40 anos após a partida do seu grande amor - cujo testamento se provou bastante tumultuoso.
Já em 1999, um incêndio vem destruir todas estas memórias e, o espaço só volta a reabrir ao público em 2011, depois da reconstrução levada a cabo pela Parques de Sintra, que resultou na distinção do Prémio União Europeia para o Património Cultural – Europa Nostra, na categoria de Conservação, em 2013.
Atualmente, resta-nos um amoroso acervo (do qual partilho algumas fotografias minhas), que se vai (re)construindo na segurança deste parque e, a esperança de se encontrar o diário desta que foi, uma mulher tão elegante e completa.
Uma história de amor não totalmente compreendida pela sociedade, que permanece no tempo.
Não deixem de ouvir o podcast brilhante “Sintra em Cinco Séculos” (uma parceria entre a Parques de Sintra e o Observador) e a incrível “Visita Guiada” da RTP.
E claro, sempre que tiverem oportunidade visitem o arquivo da Biblioteca de Sintra.
– Jéssica Filipa Santos
Obrigada por me continuares a me ensinar coisas lindas, e bem escritas. Também gosto muito das fotografias 😊