A tradição mais doce de Sintra e a Casa do Preto
- jessicafilipasantos
- 12 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Para quem não me conhece, eu cresci em Sintra – e posso dizer que há poucos lugares que me inspiram como este.
Gulosa por natureza e amante de história, não podia deixar de vos trazer algumas curiosidades sobre o que são (para mim), os melhores doces do mundo; e, a Casa do Preto, onde vou lanchar vezes sem conta. Uma pastelaria que se tornou palco de memórias felizes, e onde gosto de levar as minhas pessoas preferidas.
Mas vamos começar pelas queijadas! Há quem lhes chame um doce regional… eu posso provar que são uma maravilha nacional.
Existem até, documentos de promoção turística de 1988, que apresentam as queijadas como uma das atrações principais a conhecer em Sintra, a par do Palácio Nacional e do Palácio da Pena.
Melhor do que isto, só mesmo o Eça de Queirós quando se refere a estas, como parte integrante de “(…) um dos paraísos sociais (…)”. (página 127 do livro fotografado abaixo)
Não fosse este um local místico e de tradições, a origem que conhecemos destes doces, remontam à época medieval, com indicação de que serviriam até, como pagamento de foros. Conseguem imaginar?
Curiosamente, os primeiros registos de nomes de fabricantes que nos chegam aos dias de hoje, são datados de, após o início do século XVIII. E, ainda assim, podemos dizer que o turismo tem acompanhado e impulsionado o fabrico desta memória tão atual.
Sobre a origem desta receita, não existem dados que permitam escolher, com certeza, uma teoria – ainda que sejam mencionadas, as possíveis influências árabes ou conventuais.
Para provar estas delícias, o meu conselho é sempre o mesmo: a Casa do Preto.
Este espaço abriu, pela vontade de Carlos de Almeida em 1931 e que, com o apoio da tia Maria Helena (que trabalhara já numa queijaria), tornaram esta casa numa harmonia perfeita entre locais e turistas, com o mesmo objetivo: provarem (mais do que uma vez) as queijadas de Sintra; e, quem sabe, levá-las na mala para casa, como quem não quer que a felicidade acabe.
Mas porquê Casa do Preto? Principalmente numa altura em que era habitual o nome do proprietário dar o nome ao estabelecimento?
Reparem na estátua à entrada (deixo-vos algumas fotografias minhas abaixo).
Diz-se que, em determinada altura, Carlos de Almeida adquiriu numa casa de antiguidades, uma estátua de madeira que segura uma bandeja na mão e, a colocou à porta, repleta de queijadas. Assim, este rapaz convida toda a gente a entrar e a experimentar os segredos da doçaria da Vila, desde então e até hoje, dando-lhe um dos nomes mais conhecidos de Sintra.
Da junção dos ingredientes que são conhecidos de todos, nasceu uma das melhores tradições de Sintra; vendida em feiras ou em espaços comerciais, reflete as tradições e saberes familiares, que continuam a passar de geração em geração.
Não deixem de ler o livro “Queijadas de Sintra, história de um doce regional” da autoria de Raquel Almeida, para saberem mais sobre a industrialização deste fabrico e respetivas marcas; a Associação das Antigas Fábricas de Queijadas de Sintra; e, muito mais.
E claro, não deixem de experimentar as Queijadas de Sintra!
Sobre os travesseiros, conto-vos noutro dia 😊
- Jéssica Filipa Santos
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